
Ainda Rui Costa não começou a trabalhar como director-desportivo e já há uma pressão absurda sobre os seus ombros no que diz respeito à próxima temporada. Foi o próprio Luís Filipe Vieira que, de forma involuntária ou não, lhe colocou " a criança nos ombros" há mais de um ano. Continua a ter a bola nos pés, mas pedem-lhe antecipadamente a cabeça no sítio para não falhar em vários objectivos higienicamente definidos pelo universo encarnado.
É um trabalho de Hércules, volumoso, e, à semelhança do mítico herói grego, aguardam-lhe 12 tarefas que deixam pouco espaço para descanso.
Escolher treinador
Rui Costa tem missão inicial de dificuldade igual ou superior escolher um treinador que consiga criar raízes na Luz. António Simões, ex-director desportivo do clube. Depois do desabafo, o voto de confiança a Rui Costa. "Tenho a certeza de que ele sabe onde está o treinador competente. Onde? Sinceramente, não sei"
Estabilidade no grupo
Rui Costa terá de criar alicerces necessários à devolução da estabilidade, condição de manutenção do treinador, tornando-a imune ao nervosismo das bolas que batem no poste ou aos amuos do poder.
Neste tema, Simões lembra que há uma questão que pode enferrujar de morte a sua estreia. "O seu sucesso depende da autonomia que lhe for concedida. O importante é que o deixem à vontade. Espero que ele defina muito bem este assunto com o presidente antes de assumir as suas funções. Até para se defender. Se ele é o responsável e tem a protecção do presidente, tem de agir à sua maneira. O Rui tem largo capital de experiência de várias culturas e possui um vasto conhecimento de futebol. Acredito que tem bom perfil para o cargo".
Acompanhamento diário
O acompanhamento da intimidade do grupo de futebolistas é extraordinariamente importante. Tranquilidade advoga acompanhamento. Toni recorda a sua experiência de director-desportivo (em 1996) para antever o futuro. "Ninguém me ajudou, andava sozinho. Era sempre preciso em dois sítios ao mesmo tempo no balneário e cá fora para observar potenciais contratações, sem... dinheiro" .
Prevenir saídas
Não há estabilidade sem bom plantel. Por isso, a missão é definir, desde já, eventuais saídas de modo a evitar episódios nefastos iguais aos de Simão e de Manuel Fernandes na pré-época da última temporada.
Manter os melhores
Aliado ao anterior, o quinto, inclui obrigatoriamente o início de um novo ciclo com a manutenção obrigatória dos melhores no plantel.
Abandono do número 10
Ao abandonar o futebol, torna-se portanto impossível manter todos os melhores no grupo. Que fazer? Não há volta a dar-lhe. Ele vai ter de substituir-se a si próprio de forma eficaz.
Renovação do plantel
"Nos últimos anos, entrou muita mediocridade, só alguma qualidade e por isso nunca se atingiu a estabilidade". diz Toni.
Léo e Rodriguez
Mais uma vez, o ponto mais crítico da questão está relacionado com o facto de ter não ter havido decisões nos prazos inicialmente estipulados. Léo e Rodriguez ainda têm aparentemente os processos ainda em cima da mesa.
Departamento clínico
Não basta ter bom plantel, é útil mantê-lo em boas condições físicas durante a temporada. A quantidade de lesões importante nesta e em outras épocas obriga-o a rever as responsabilidades do departamento clínico.
Estádio vazio
O divórcio existente entre os jogadores e os adeptos. Mais um trabalho para Rui Costa, apesar de ele há muito emprestar a imagem para encher as bancadas "As assistências na Luz reflectem o que se passa no clube. Não se esperaria, com certeza, ver muita gente no estádio quando, só esta época, já leva muitos empates e derrotas", diz Veloso.
Recuperar formação
Rui Costa tem ainda que recuperar a formação, há anos a necessitar de rumo.
Falta de experiência
É enorme a expectativa em saber como vai trabalhar porque só o conhecemos de chuteiras no pés. Calçado, obviamente, que não fica bem no gabinete onde vai entrar com uma pasta nas mãos em Maio, prontinho a tomar decisões para praticamente 12 meses.
in:JN