segunda-feira, 12 de maio de 2008
E depois do adeus?
Rui Costa é, teimosamente, uma fonte inesgotável de avaliações e não teria valido a pena incomodar-se em ser o «melhor em campo» no seu derradeiro jogo para que deixasse atrás de si um rasto profundo de inapagável saudade.
Mesmo para quem anda nestas vidas há dezenas de anos, o abandono de Rui Costa como que nos arrasta para duas questões:
- que sublime feitiço manteve o maestro tão ligado à «sua gente» (como lhe chamou)?
- que estranha simbiose de sentimentos, onde se entrelaçam a gratidão com a saudade; o respeito com a nostalgia; a admiração com a tristeza, numa amálgama que encanta até às lágrimas?
A resposta inteira aparece na singularidade de ser quem é. Sem lamechices, apenas com verdade: foi imenso o que Rui Costa ensinou ao futebol, ao longo de uma carreira invejável. Num espaço de competição doentia e obstinadamente feroz como é o futebol, o «10» foi sempre alguém contrastante, desenquadrado de padrões comportamentais tidos como identificativos dos vencedores. Vejamos:
- ganhou sem espezinhar os adversários;
- foi exemplar na genuína humildade com que conviveu com os que deixou derrotados;
- foi genial sem, em algum momento, enxovalhar quem se lhe opôs.
Quando ontem, destroçado pelas emoções, abandonou o estádio da Luz, ter-lhe-á sido inevitável uma inventariação, ainda que breve, do que fora a sua caminhada ao longo de dezoito anos de profissional. No resultado dessa rebobinagem terá encontrado razões de sobejo para dormir descansado porque, sendo certo que o futebol lhe proporcionou muito - vitórias, títulos, fama, prosperidade material -, ele deu muito mais ao futebol - talento, magia, genialidade e um comportamento humano que pode servir de sebenta, cábula ou catecismo a todos os profissionais de futebol, desde aqueles que destilam vaidade e arrogância e se julgam «grandes», até aos que têm o mundo a seus pés.
Ontem, perante mais de 50 mil espectadores, o maestro empunhou a batuta e ofereceu o seu último concerto e, no final, muitas vezes teve que aparecer na boca de cena para os agradecimentos. Talvez ele também não tivesse pressa em se retirar, em se despedir, em abandonar o seu palco de felicidade. A última composição chamou-se «saudade» e ameaça ficar eternamente nos corações dos amantes do futebol.
E depois do adeus? ...O ficarmos sós!...
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Rui Manuel César Costa, tem nome de Imperador, mas apelidaram-no de «Maestro», aos 36 anos deixa os relvados, por onde 18 anos como profissional espalhou classe e magia. Este Domingo, contra o Vitória de Setúbal, dá os seus últimos "chutos" na bola. Numa entrevista exclusiva à Antena 1, ao jornalista Paulo Sérgio - Rui Costa abre a «Alma».
Rui Costa nesta entrevista e de forma emocionada deixa um «enorme» obrigado "Por tudo o que me deram durante os 18 anos como profissional, saio como sempre desejei - a bem com o futebol e a bem comigo como pessoa."
O médio que percorreu Estádios do Mundo, recorda o velhinho Estádio da Luz. " É a Catedral, onde consegui ser mais Rui Costa - este é mais bonito -, mas o outro tinha magia."
Sobre o futuro o «Maestro» diz: "complicado mas ao mesmo tempo aliciante por ser onde é (Benfica)."
Fiorentina o «seu» paraíso, onde viveu 7 «deliciosos» anos como futebolista, uma 2.ª pátria. Nesta entrevista Rui Costa fala ainda de Scolari : " Um dos treinadores mais experientes do futebol mundial."
Até sempre Rui Costa.
Texto de Carlos Barros
Fonte
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Ninguém fica indiferente à carreira do «Maestro», e à forma como sempre se comportou, dentro e fora dos relvados. Por isso também os jornalistas acabaram por encontrar uma forma de homenagear o antigo internacional português, que este domingo encerrou a carreira.
A última conferência ficou marcada pela emoção e pela boa disposição de Rui Costa, e no final, quando o jogador se levantou, foi brindado com aplausos, por parte dos profissionais da comunicação social que acompanharam o último jogo de um homem que deixou marca no futebol português.
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